sábado, 20 de outubro de 2007

RODAMOINHO



Rodamoinho, roda vida

Que o amor tem pressa

Aquela conversa

A vida parou

Os ponteiros

Meu relógio entortou

Queria que fosse cedo

E já é madrugada!

A hora não passa...

Ou passa tão depressa!

Ora essa! Perdi o bonde!

O metrô perdi...

O trem levou meu amor

Pra longe...

Lá tem cheiros bons

De amor, de peras!

Flores de macieiras lindas!

Seria tão bom vê-las,

Colhê-las, comê-las

Adoçar a boca

Nesse doce mel...

Dá-me agora,

Tempo que sobra,

Um céu!

Pintado de estrelas

Dá-me asas

P’reu viajar nelas

De carona

Em um cometa...

Num piscar de olhos

Veria campos lindos,

E todas as cores

Nos olhos doces do meu amor!

Sabes tempo ingrato,

Se te fizeres chato,

Se não cooperares,

Se me prenderes aqui,

Se não me deixares sair,

Se te fizeres algoz

Juro-te: hás de sofrer sem dó!

Hás de envelhecer

Enquanto ainda que não queiras,

Encontrar-nos-emos a sós

Pois não possuis a arma possante

Do amor que há em nós

ETERNAMENTE



Que dos espaços vazios carecem as palavras

Para romperem o abismo do silêncio

Que das pausas carece a música

Para traduzir nos sons os sentimentos

Que de quem nos ame carece a alma

Pra não chorar lágrimas ao vento

Que nem só de amor - paixão se faz a vida

Para não se fazer lamento...

Que toda dor há de se transmutar

Em amor em plenitude...

Para elevar o ser e frutos semear

Em terra de se colher...

Que, por mais poderoso um homem seja,

Ainda necessita quem o ajude...

E ainda nos estertores da vida

A vida vence sempre com mais vida...

Além da vida, num tempo desconhecido,

Marcado pelo que se é e pelo que se sente,

Pelo amor que se desenvolveu internamente

Pelos laços insondáveis que nos une uns aos outros

Quiçá eternamente!

domingo, 7 de outubro de 2007

Sobre o Nosso Sentimento de Humanidade ou Ecologia do Ser



Somos mais que a pequenez de nossos corpos perecíveis...

E se fizermos valer a vida para a qual viemos...

Se não quedarmos sob a tutela do orgulho e egoísmo que se contrapõe à generosidade em nós latente...

E se usarmos a nossa porção de tolerância e colocarmos sob controle a vaidade que nos reduz...

Então faremos jus à finalidade para a qual nascemos: ser homens e mulheres a construir a plenitude de nossa humanidade na convivência desafiadora e estreita com as nossas limitações e potencialidades e as de quem conosco caminha...

Nessa relação, nossa humanidade, além de revelar-se pelas fragilidades também o faz pelas virtudes embrionárias e outras em pleno crescimento...

Mais do que a fé ou a oração ditada por um movimento de lábios, a nossa conexão com o criador se dá pelo silêncio ante as limitações de nossos pares ou pela discreta aceitação de suas falhas, quando a mediocridade recomendaria alardear o gesto infeliz ou tropeço alheio...

Muitos nos intitulamos filhos de Deus e o somos, mas poucos de nós nos revelamos por meio da atitude essa filiação divina...

A fé manifestada pelos ritos públicos, onde o corpo parece estar mais presente do que o espírito, onde a forma sobrepõe-se ao conteúdo, assemelham-se as mais antigas práticas conhecidas como farisaicas...

A espiritualidade, que não carece de testemunhas, é bem mais escassa em nossa atitude privada nos âmbitos pessoais, profissionais e sociais, onde o único juiz consiste na consciência, centelha divina em nós...

A terra necessita de uma atmosfera mais limpa, não apenas dos miasmas deletérios provocados pela poluição e o mau uso dos recursos naturais, mas principalmente, de mentes e corações oxigenados por pensamentos de amor, justiça, tolerância e perdão...

Estamos mergulhados nos fluidos de nossas próprias criações mentais quase sempre alheios ao princípio básico de fazer e desejar aos outros o que queremos para nós mesmos...

Assim, urge começar a reciclagem de pensamentos, sentimentos, emoções de modo a gerar uma qualidade renovada de boas vibrações com as quais todos nos beneficiaremos...

Nesse tempo em que o planeta pede socorro e dá sinais das suas chagas expostas é preciso pensar em todas as alternativas que fariam modificar o status quo indo à matriz, a causa primária, de todas as nossas mazelas.

Esta encontrar-se-á no exame minucioso e honesto dos nossos princípios, valores e crenças, que sustentam nossos sentimentos, pensamentos e ações...

Uma provável solução deparar-se-á na direção diametralmente oposta àquela em que trilhamos até então, onde o ser humano se reduziu mediante o egoísmo, o orgulho, a vaidade e a ganância, à busca de poder de qualquer natureza( econômico ou político) transformando-o num deus, diante do qual se fez genuflexo e subserviente.

A esperança viceja, pois, quando nos apercebemos do sofrimento produzido à sombra desse modelo social fracassado, onde quase todos portam-se como meros consumidores...