sábado, 22 de agosto de 2009

HUMANAS MÃOS



Às vezes vazios

Transformam-se em icebergs

Lágrimas de gelo...

Antes que o frio cresça

E a alma esmoreça

De cansaço

É preciso cuidado de si

No gesto inventado

Pra deixar chorar ou rir

Ombros doados

Calores transmutados

De seres que não são

Homem ou mulher

Sexuados

Apenas doam de si

E recebem

A melhor parte

De humanas mãos

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Águas Mornas de Chorar




Dia interminável!
Sala de espera de vida afora
Pela janela passa o marasmo
Dia de folga sem folga
Dia de ocaso...
Eu tentei preenchê-lo de emails
Palavras ternas e pedidos
Supliquei a quem se diz amigo
Um retorno, uma palavra
Uma companhia...
Que irônica vida
De fios desconectados
Amor sem fim
Tomada sem cabo
Ai de mim que te amei antes do pc
Antes do cabo de rede
Antes de tudo
Mas depois vieram as agonias
Vozes roucas de chamar
Reticências, frases soltas...
Águas mornas de chorar
Eu queria mesmo amar outra pessoa
E enfim, conectar-me
A um fio de voz
Um raio de luz
Às vezes sou tão só que a alma dói
Às vezes sou feliz
Mas sempre nas sintonias divinais
Na amizade eu sou feliz
Mas parece pouco
Meu caminho insólito
Um olhar mudo
Um corpo que se nega existir
Mas tudo isso é sem esforço,
Sem alvoroço
Parece até natural
Acima do bem e do mal
Ser assim
Tem momentos plenos
E outros serenos
Mas de tanto rolar o dia
Em mim bate a agonia
De sentir amor de corpo
Carinho e colo
De desejar, de querer,
De sair dessa insuspeita natureza
Quase divina
Quase humana
Quase anjo
Quase profana
Nada é completo
Nada
E de resto...
O dia foge
A noite desce
E me leva
E eu vou...

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

"Parafraeando Manoel Bandeira "Vou-me embora pra Pasárgada"




Parafraseando Manoel Bandeira

Manoel Bandeira


“Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei”

Parafraseando Manoel Bandeira


Recanto lindo Pasárgada!

Quando eu estou a cismar

Meu coração pra lá voa

Vou de tosca canoa

Das que deslizam no rio

Ponho um chapéu de palha

Daquele de pescador

E deslizando nas águas

Eu sinto passar a dor

Vou-me embora pra Pasárgada

Lá não tem chefe ou juiz

Só os rumores do vento

E as histórias que o vento diz

E quando eu dormir de cansada

Terei uma capa de estrelas

È coisa pouca, mas é minha

Aquece-me na madrugada

Vou-me embora pra Pasárgada

Aqui não escutam minha voz

Mesmo bonita e afinada

Só esse silêncio atroz

Lá quando eu chegar

Boto fita rosa no cabelo

Chinelos cor de lilás

Cesta de vime e lancheiro

Vou-me embora pra Pasárgada

Ouvir aboio à tardinha

Voltar a minha raiz

Comer cuscus na cozinha

Tapioca e munguzá

Nadar no velho “Corguinho”

Viver de pequenos nadas

Aliviar a canseira

Dos longos anos na estrada

Vou-me embora pra Passárgada

Aqui eu não sou feliz


quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Conexão





Existe um estado de felicidade
Intima e pessoal
De natureza espiritual
Que se experimenta
Ao contato sincero,
Puro ato de fé,
Da criatura com o seu Criador...
Nesses instantes de conexão plena
A alma asserena
E imersa em amor
Delicia-se
Volita, flutua,
E pode conceber
O que seria a imensa alegria
De uma comunhão perfeita
Resultado da vibração do amor
Incondicional, sem peias,
De que somos alvo
Desde antes de nascer
Infinitamente
Por Aquele que quis
Que cada um existisse
E espera que encontremos
A porta certa