sexta-feira, 19 de dezembro de 2008


A Astúcia e a Simplicidade

Eu estava rememorando algumas passagens dessa grande personalidade planetária que foi Jesus.

Estava olhando as infinitas dimensões das coisas e do planeta segundo o ponto de vista que olhamos, segundo a distância em que visualizamos o objeto...

O gênero humano, no seu processo de humanização caminha a passos lentos... Sempre idêntico em sua essência independente de localização geográfica ou cultura...

E lembrava como eram desconcertantes as respostas de Jesus, àqueles que supunham ser mais espertos, ardilosos, audazes, mediante a sua figura simples , despojada de atavios...

Vêmo - lo envolto a situações criadas pelos que pretendiam enredá-lo, desmascará-lo, atirá-lo em contradição...

Numa dessas ocasiões, contando com a insatisfação do povo com a cobrança de impostos efetuada em nome de Cezar, Rei de Roma, perguntaram a Jesus se o povo deveria ou não pagar o tributo a Cezar.

Imaginavam, em suas mentes distorcidas pelo egoísmo e orgulho, que não haveria saída para o Mestre. Pois se dissesse que o imposto não deveria ser pago a Cezar, os prepostos de Cezar o prenderiam, e se dissesse que era justo pagar a Cezar, acenderia o estupim da revolta em meio ao povo...

ELE, sem se prender a qualquer interesse dos mitigantes, desfere o verbo sábio e desconcerta aos que se regulam por suas lógicas comesinhas, e pergunta-lhes: "O que vedes nessa moeda?" responderam-lhe: "A esfinge de Cezar". Responde-lhes Jesus: "Pois, dai a Cezar o que é de Cezar e a Deus o que é de Deus”. Eles ficaram estupefatos mediante aquela lógica.

Assim sucedeu em outros casos como o do apedrejamento da mulher adúltera. Jesus surpreendera-lhes a astúcia, que sempre se julga em alta conta, superior aos demais...

Muitas vezes a simplicidade, a ausência de meios ardilosos nas relações cotidianas, também desconcertam os que se alimentam da intriga e da malícia, para atingir os seus alvos.

Homens de escol, espíritos iluminados a serviço do Bem, sempre vieram à terra, em nome Daquele que tudo criou, para auxiliar o nosso processo evolutivo. Eles apareceram em todas as eras, nas mais diversas culturas.

Conta-se que na Grécia antiga havia um homem desses, no oráculo de Delfos, respeitado pelos conselhos sábios que beneficiava a quantos o procurassem.

Naquela região vivia outro homem, que nutria especial animosidade pelo respeitável porta-voz de Zeus no oráculo.

Contava desmascará-lo e mostrar aos pares que ele mentia e enganava, fazendo-se passar por sábio.

Ajustou ir procurá-lo e propor-lhe uma prova.

Levou oculto nas mãos um pequeno pássaro e perguntaria ao oráculo se o que ele tinha em mãos era vivo ou morto. Se ele respondesse que era morto, soltaria o pássaro. Se dissesse que era vivo, esmagá-lo-ia nas mãos e ganharia o embate em meio a glórias.

Assim o fez.

Fixando-lhe o olhar sereno o sábio do Oráculo de Delfos redarguiu: “A resposta está nas tuas mãos”.

O homem, contrafeito, foi obrigado admitir a veracidade daquela resposta.

O princípio da justiça é lei natural do universo inscrita em cada consciência. Agir dentro desse princípio costuma desconcertar opositores ardilosos.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008


Quando eu fui tua

Nos meus mais raros sonhos

Ardi

Queimei

E nenhum vento conseguia

Apagar aquela chama.

Quando

Eu me afastei de ti

Doeu

Sangrou

E sem ataduras

A alma se esvaece

Os olhos se fecham

Para a luz do sol..

Quando eu descobri

O que era mesmo o amor

Ainda que longe de ti

Um sol brilhou em mim

Não era sol de verão

Não era chama de vulcão

Era calor aconchegante

Brisa leve

Que só precisa

Do sorriso teu

Que só deseja

Se expandir

Deixar o coração bater

E pedir a Deus

A bênção de amar

Em plenitude

Com toda a perfeição

Que pode haver

No nosso perfectível ser

Que transcende

A sua pequenez e efemeridade

Quando ama!

sábado, 12 de julho de 2008

Obra Prima Divina


Repõe as gotas derramadas na estrada...
Faz o caminho de volta
Entrevê estrelas no céu nublado
Nua é a alma que não tiver amado
Vazia a bagagem de quem não sofreu
Repara os campos à volta
Flores que nascem
Sem que mãos humanas semeiem
Cai a corredeira em cantoria ignota
Estrelas cadentes avisam:
Bênçãos emanam do céu
Segue o caminho
Há dores pela estrada
Há belezas intocadas
Que só se vê sozinho
Sim, mesmo que sangrem os teus pés,
Ainda que não haja a cama acolhedora
Por hora, parecem ser só espinheiros,
Segue adiante, caminheiro,
Tua semeadura e colheita
Se farão no caminho
Acredita na força que palpita em ti
Vai
à luta!
Não foram só flores
Os caminhos dos vencedores
Mas lembra: antes de venceres
Batalhas externas
Empreendes a boa luta
A luta interna
Que toda pessoa de coragem
Precisa empreender
Vence e ganha para além
De troféus exteriores
A ti mesmo!
És a obra prima divina
Esculpida com cinzel de tuas
Próprias mãos!

sábado, 7 de junho de 2008


SÚPLICA


Seguindo rumo incerto
Caminhos nevoentos
Espinheiros, sarças, caatinga,
De longe avisto
Esperança sob tênue luz
Busco
Certezas íntimas
Sinto
Carências plenas
Ergo
Os olhos súplices
À Fonte da Vida
Rogando saídas
Rola
A lágrima doce
Que o corpo produziu
De doces enche-se o sangue
Escoa pelas artérias e poros
A energia vital.

Do cansaço da alma e do corpo
Ressinto-me...
Construí ilusões
Sobre a alma frágil
Dos homens
Quebrou-se o vidro
Que as protegia
Agora eles se mostram
Como são...
Eu os via com os olhos
Doces de ternura

Sob o corcel
Da realidade indomável
Meu corpo se abateu
Como se eu fosse estranha
Num planeta ignoto
Degredada
Sentenciada
A emparelhar-me
Às espécies do lugar
Cujos disfarces caíram
E agora são faces nuas
Apenas cinzas
Cujos risos parecem esgares
Pálida lembrança
Dos sorrisos de outrora...
Eles mudaram?
Ou fui eu quem mudou?

Busco
No sorriso de esfinge
Refletido no espelho
O sorriso de menina...
Onde aquele olhar vívido?
Meus passos seguem lentamente
Uma estrada
Sem ponto de chegada...

Um mar sem ventos
Já quase faz parar
O barco à velas
Será assim
O porto, o cais
O fim?
Ainda rogo
Entre ais...
Resta-me um fio
Que me conecta à luz
Saudades imensas
De algum lugar
Onde eu sou
Não apenas fui
Onde estou
Vivo
Sorrio
E o amor se espraia
Como gotas de chuva
Em terra sedenta
Porteira escancarada
De cores
Luzes
E paz
De onde vim
Para onde vou
Acuda-me
Essa Força Infinita
De amor
Alcance-me
Essa luz perene
E paz na terra
Àqueles que buscam!

domingo, 4 de maio de 2008


Estranho...( Vale Pensar)

Estranho que haja a solidão
Em múltipla companhia...
E que os laços do amor
Não se rompam pela distância
E que na dor imensa
Brote a esperança
Vale pensar
Que para toda a amargura
Algures há doce alegria
Que para a doença
Remédio e cura
E para a mesmice
O inusitado, a arte,
E para a noite escura
O raiar do dia
Ademais
É preciso saber
O que se procura
Porque nenhum porto
É chegada
Quando não se sabe
A morada, o cais.

(escultura em cera-Rodin)

AUTO ESCULTURA

Repõe as gotas derramadas na estrada...
Faz o caminho de volta
Entrevê estrelas no céu nublado
Nua é a alma que não tiver amado
Vazia a bagagem de quem não sofreu
Repara os campos à volta
Flores que nascem
Sem que mãos humanas semeiem
Cai a corredeira em cantoria ignota
Estrelas cadentes avisam:
Bênçãos emanam do céu
Segue o caminho
Há dores pela estrada
Há belezas intocadas
Que só se vê sozinho
Sim, mesmo que sangrem os teus pés,
Ainda que não haja a cama acolhedora
Por hora, parecem ser só espinheiros,
Segue adiante, caminheiro,
Tua semeadura e colheita
Se farão no caminho
Acredita na força que palpita em ti
Vai à luta!
Não foram só flores
Os caminhos dos vencedores
Mas lembra: antes de venceres
Batalhas externas
Empreendes a boa luta
A luta interna
Que toda pessoa de coragem
Precisa empreender
Vence e ganha, para além
De troféus exteriores,
A ti mesmo!
És a obra prima divina
Esculpida com o cinzel de tuas
Próprias mãos!


sábado, 29 de março de 2008


Como Se Fosse o Último

Vivi o teu problema

Debrucei-me

Sobre a tua vida,

Meu dilema:.

Não viver a minha

Bem vivida.

Iludi-me com cada gesto

Inconsistente

Esqueci de mim

E assim

Arrastei correntes.

As águas passaram

E no velho rio

A correnteza é nova...

Nem mesmo a flor

Que se abre

Em abril é a mesma

Pois começa o outono

Folhas velhas caem

Para dar vez a novas.

Das torrentes que derramei

Salgadas e quentes

Quero apenas e somente

Que dêem vez

A um céu azul

A um vento que sopre

Tranqüilo de sul a norte

Para que seja cada dia

Vivido como se fosse

O último!

domingo, 27 de janeiro de 2008


SENTIMENTO NORDESTINO
Se é dia de chuva
E de chuva o céu se molha
Então eu olho a terra umedecida
Cheirando, cheiro de vida
Agora tépida e morna.
A atmosfera lavada
E as gotas de chuva descendo
Parece cortina alada
Pelas rajadas de vento...
Ouço essa música doce
Que soa no ar quando chove
Lembro os semblantes
Dos quase retirantes
Se enchendo de esperança
Quem dera fosse lá
Que esse som de alegria
Se ouvisse
Então não veria a nossa gente
De face enrugada e triste
Comendo o pó da estrada
Pra buscar em outras plagas
Terra boa pra semente
Ah! Se os filhos da terra
De povo pobre e nobre
Honrassem a sua gente
No planalto central
Haveria mais alegria
Menos dores
Porque para falta de chuva
O homem já inventou cura
Mas ainda não criou
O remédio que cura
Ausência de honra e desamor

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008


(Imagem: Navio Negreiro-Rugendas)

Ventos Negros

Um globo inclinado

Num eixo imaginário

Se equilibra

Águas profundas, mares,

Ligam o mundo.

Pelos ventos

Navios criaram destinos

E em suas rotas-águas

Ligaram vidas

Para uns a saída

Para outros, naufrágio.

Negros suores

Deixaram o mar mais salgado

E seus sorrisos se apagaram de banzo

Mãe África impotente

Não os podia ouvir

Porque as correntes

Abafavam os seus prantos...

Ao longe depois

Os tambores soavam

Pra levar suas vozes mais além

E ao morrer de dores e maus tratos

Via-se um brilho nos olhos

Um sorriso nos lábios

Ali encontravam o portal

De enfim à terra volver

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Terna e Delicadamente




Orgulho não crê

Que pode haver algo mais.

Vaidade não vê

A cegueira apraz.

Oh! Deuses profanos

Porque fizestes

Dos humanos

Só noite, só cais?

Ouvem-se vozes

Nos altiplanos

Que a simplicidade

Modela.

Doces vozes

Vozes belas

Discretamente

Sussurrando...

Perdestes os ouvidos

Dos simples

Caíste no limbo

Nivelado

Nada como as dores

Futuras

Pra lembrarem erros

Passados

O amor ama a modéstia

Não acica desatinos

O amor é um menino

Que sopra as velas da festa

Não espalha desavença

Não se alegra em intriga

Não cede a provocações

Mesquinhas

Não odeia

Não joga

Não briga

Só é luz e alegria

E quando não pode plantar

Roseiras em algum lugar

Deixa vir a primavera

Num sopro de luz e de cor

Para então florir o amor

E espalhar a semente

Terna e delicadamente